sábado, 15 de agosto de 2015

Queimado ( Serra ES )

Vila do Queimado
  A Freguesia de São José do Queimado foi criada pela resolução provincial nº 9, de 27 de julho de 1846, anexado ao Município de Vitória, no Espírito Santo. Segundo o historiador José Francisco de Assis, "a localidade de São José do Queimado se formou como todas as outras. A beira do rio Santa Maria foi aberta a primeira lareira. Rolara por terra a braúna (árvore nativa) para esteio (construção da peça de madeira usada para segurar ou escorar) do casebre, retirado o cipó para amarrar as ripas feitas de palmito, e as folhas deste para a cobertura. Vieram depois outras habitações e surgiram as grandes fazendas, vindo o arraial, por fim o distrito, a vila." (ASSIS, 1948, p.48).

  Algumas publicações informam que a data da criação da Freguesia seria 27 de Agosto. A data de 27 de Julho de 1846 consta de um ofício do Presidente da Província, Antônio Joaquim de Siqueira ao Bispo do Rio de Janeiro, datado de 8 de março de 1848, onde consta, "(...) Julgo, porém do meu dever informar a V. Exa., que por Lei Provincial, de 27 de julho de 1846, decretada antes da minha administração foi elevado o sobredito lugar a Freguesia, como V. Exa. verá cópia junta, e que nele está sendo construído por aquele Missionário, à custa dos Fiéis, e por meio de suas exortações, um majestoso templo, de pedra e cal, que tem de ser dedicado ao patriarca São José, exercitando a admiração de todos, por sua grandeza, e por se estar fazendo, pudesse dizer, no centro da pobreza. Já vi essa Igreja, e creio que concluída será uma das mais importantes da Província." (Fonte: Secretaria de Governo, livro 132 In: ROSA, Afonso Cláudio de Alvarenga. 1979, p. 139 - 140).

  Queimado em 1849 possuía um total de 5000 habitantes e estava situado à margem do Rio Santa Maria da Vitória, onde havia um porto chamado Porto do Una, (Negro), um importante entreposto (depósito) comercial, onde era embarcada, em canoas que comportavam mais de cem sacas de café, a produção da região da Serra e onde eram desembarcados os produtos importados que atendiam às necessidades locais. Trafegavam canoas carregadas de café, farinha de mandioca, cana-de-açúcar, milho, feijão. O rio servia como via para o transporte em geral, inclusive para a integração de Vitória com a Serra e com o Norte do Espírito Santo.

  Na época, século XIX, a Freguesia do Queimado limitava-se com a Freguesia da Serra pelo rio Tangui e Porto do Una, seguindo a margem do brejo até a ponte do mesmo nome e, em linha reta, até a estrada de São João, na ladeira das pedras, compreendendo Itapocu e todo o Caioba. Parecia que o destino reservava certa importância ao povoado do Queimado, não obstante a pobreza do lugar. Mas um lento e irremediável processo de decadência econômica e despovoamento, iniciado já na segunda metade do século XIX, frustrou esta possibilidade. Hoje, no local onde se localizava a vila, os únicos testemunhos visíveis do engenho humano são as ruínas da Igreja de São José.

 
A Freguesia do Queimado ao ser criada pertencia a Vitória. Somente pelo Decreto Lei Estadual nº 15.177, de 31 de Dezembro de 1943, Queimado foi desmembrado do município de Vitória sendo anexado ao município de Serra. Queimado hoje é um Distrito da Serra, um dos Municípios que compõem a área periférica da Grande Vitória, no Estado do Espírito Santo. A Aldeia de Nossa Senhora da Conceição da Serra tinha sido elevada à Freguesia por Carta Régia em 1724, mas a Freguesia somente foi instalada na Serra sede, em 1769, depois de construída a igreja nova, matriz que tinha por filial a ermida de São José, localizada no Queimado. O termo ermida significa uma pequena igreja ou capela, normalmente localizada fora das povoações ou em lugares ermos.

REFERÊNCIAS :
Texto : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html
Imagem : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

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