sábado, 15 de agosto de 2015

LÍDERES DA REVOLTA - Chico Prego O HERÓI DA LIBERDADE


  Escravo não tinha nome de família no Brasil. Apenas pré-nome. Não havia o chamado sobrenome. Para sua melhor identificação recebia o nome da família do seu proprietário, seu dono.


  Francisco de São José, o Chico Prego. Escravo de Ana Maria de São José. Era um dos Chefes da Insurreição. O Chico vem de Francisco e a palavra Prego tinha sentido pejorativo, pois se referia a uma espécie de macaco da região do Amazonas. Enquanto Elisiário destacava-se pela inteligência, Chico Prego, negro alto e forte, liderava pelo seu espírito de luta, por sua coragem. Foi preso e condenado à morte na forca. Preso, Chico Prego foi levado para a Serra, viajando a pé, as seis léguas. Na Serra assistiu a construção do patíbulo. Na data e hora marcada, percorreu as principais ruas da Serra ao som de um tambor surdo e sinos da Igreja. O cortejo parava de momentos em momentos para que fosse lida a sentença. Defronte à forca, recebe a última unção religiosa. De mãos atadas sobe as escadas do patíbulo. O carrasco Ananias passa-lhe a corda em redor do pescoço e impele o negro para o espaço, fazendo pressão sobre os ombros para maior pressão da corda. Cinco minutos depois a corda é cortada. O corpo cai no chão e o negro ainda agoniza. O carrasco Ananias com um pedaço de pau, esmaga-lhe o crânio, os braços e as pernas. 


  O relato com detalhes da morte de Chico Prego, Herói da Liberdade na Serra, encontra-se na obra "A Insurreição de 1849 na Província do Espírito Santo", de Wilson Lopes de Resende, do Colégio Estadual "Muniz Freire", tese aprovada no IV Congresso de História Nacional. O livro é das Edições Itabira, Cachoeiro de Itapemirim, 1949, página 15 e 16. Chico Prego foi executado na sede da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra, no dia 11 de janeiro de 1850, "nas proximidades da Igreja, para servir de exemplo." Sobre o local exato onde Chico Prego foi enforcado na Sede do Município, no "largo da Igreja." Historiadores informam ter sido o local onde atualmente está construída a Praça Ponto de Encontro, próximo a Igreja Nossa Senhora da Conceição na Serra Centro. 

  O Escritor Capixaba Genilton Vaillant de Sá em e-mail (Correio eletrônico) enviado a Clério José Borges informa o seguinte: 
De: genilton.sa@bol.com.br - Enviada: Quarta-feira, 24 de Setembro de 2014 23:00 - Para: cj-anna@bol.com.br - Assunto: Chico Prego 


 Contesto veemente a versão pejorativa de que o escravo Francisco fora alcunhado de Chico Prego em razão de sua aparência lembrar um Sapejus (Cebus apella), vulgarmente conhecido por macaco-prego, espécie animal que, por sua vez, recebe esse cognome em função dos órgãos genitais, tanto pelo formato do pênis, quanto do clitóris. 
Francisco de São José (alusão à Freguesia de São José do Queimado) era escravo na propriedade agrícola. Assim, Chico Prego era escravo de dona Anna Maria de São José viúva de José dos Santos Machado, filho do Capitão Francisco dos Santos Machado, falecido em 1793, e de dona Leonor Paes de Lírio, falecida em 08-04-1789. 
José dos Santos Machado tinha 5 irmãos, dentre eles Francisco dos Santos Machado, o Juiz Almotacel ou Almotacé (do árabe al-muhtasib), antigo Inspetor encarregado da aplicação exata dos pesos e medidas e da taxação dos gêneros alimentícios. 
Em razão dos senhorios Franciscos (avô e neto), que, por certo, também na intimidade recebiam o termo hipocorístico de Chico, o escravo era identificado como Chico Preto, no caso, Chico Prego, por questão meramente regional, já que em São Mateus a influência baiana, na ocasião, era bem evidente. 
Pela ordem, assim os lexicólogos Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Antônio Houaiss definem o vocábulo PREGO: 
- brasileirismo da Bahia, indivíduo de cor preta; preto; negro; 
- termo informal na Bahia, indivíduo negro. 
Entendo, pois, que para bem se identificar o Juiz Francisco e o escravo Francisco, ambos chamados na intimidade de Chicos, os distinguiam pela cor. Assim, o Juiz Francisco, era apenas Chico e o escravo, Chico Prego, ou seja, Preto, brasileirismo próprio da Bahia. 
Chico Prego, pelo que me consta, era destemido, resoluto, justo, trabalhador e muito respeitado, quer pelos escravos, quer pelos senhorios, motivos pelos quais exercia uma grande liderança. Essa sua postura assente e equânime despertou inveja, rancor e a infâmia de alguns escravocratas que junto ao governo da província decretaram a sua humilhação até à morte. Vejam o meu Soneto: 


Chico Prego

(Apregoador Enteu da Liberdade) 
Soneto decassílabo misto de sáfico e heroico do Poeta Escritor Capixaba, Genilton Vaillant de Sá 

Sem demonstrar nenhum medo, sisudo, 
a passos firmes segue o seu cortejo, 
enquanto o seu algoz, alheio a tudo, 
o aguarda com ar de cruel sobejo! 

Degraus do cadafalso sobe mudo, 
não esboça reação, sequer entejo, 
pois tem consciência que, apesar de tudo, 
não há de ser em vão o seu desejo! 

Guerreiro destemido como um bravo! 
Pleno de fé, livra do corpo escravo 
a alma, numa exemplar manumissão! 

Chico Prego imortal, transcendental, 
merece o elã de estar no pedestal 
como o Mártir Enteu da Abolição! 

Genilton Vaillant de Sá 
Escritor, poeta e trovador parnasiano 
Praia do Canto – Vitória - ES 

Vídeo : Você sabe quem foi " Chico Prego " ? 






Estátua de Chico Prego Serra ES , localizada
perto do local de sua morte 

REFERÊNCIAS :

Texto : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

Imagem : http://sigapublicidades.blogspot.com.br/2011/02/estatua-de-chico-prego.html

Link do vídeo no youtube : https://www.youtube.com/watch?v=2LV-hONoKtw

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