sábado, 15 de agosto de 2015

TERRITÓRIO DO QUEIMADO

Mapa adaptado em destaque o territorio de Queimado localizado na Serra ES


REFERÊNCIA DO MAPA : http://www.clerioborges.com.br/serra.html
ADAPTADO POR : Ynahê  Batistella


CURIOSIDADES - UMA MULHER ESCRAVA NA INSURREIÇÃO





  A notícia do fim da Insurreição (Revolta) do Queimado é relatada em Ofício (Carta) do Chefe do Polícia, José Inácio Acioli de Vasconcelos ao Presidente da Província, datado de 20 de março de 1849. O Ofício revela a presença de uma Escrava participando da Insurreição, da Revolta do Queimado. Guerreira. Mulher de um dos Escravos: 

"Cumpre-me levar ao conhecimento de Vossa Excelência que cheguei hoje a esta Freguesia do Queimado às 4 horas da manhã e constando-me, poucos momentos depois, que um grupo de escravos armados, em número de cinquenta mais ou menos, estava reunido nas imediações dela, e que se dirigia para aqui com o plano de proclamarem a sua liberdade, e de assassinarem todos aqueles que porventura a isso se opusessem, dei imediatamente ordem ao Alferes, comandante do Destacamento, que marchasse sobre eles com as praças à sua disposição e com mais alguns cidadãos que pude reunir, conservando-me aqui com algumas pessoas deste Distrito. E, sendo os ditos Escravos encontrados na ladeira que desce para Aroaba, em direção para esta Freguesia, foram aí completamente batidos pelo referido Destacamento, e gente a ele reunido, em um ataque que durou seguramente meia hora, sendo em resultado mortos oito, presos seis e uma Escrava, mulher de um deles (...)" 

O Escritor Luiz Guilherme Santos Neves na sua obra Literária "O Templo e a Forca", que funde ficção com o fato histórico da Revolta do Queimado, cria a figura da Escrava Bastiana. Ela seria a tal negra anônima citada no ofício do Chefe de Polícia e que participa da luta entre os Negros revoltosos e a milícia (Polícia) e seria a mulher de Chico Prego. Um romance amoroso de um herói da Serra. 

Já o Escritor João Felício dos Santos, autor do Romance "Chica da Silva", sucesso no Cinema sob a direção de Cacá Diegues, cria a figura de Benedita Torreão, trabalhando de forma literária dentro de uma ficção histórica, explorando a presença da mulher, afro-brasileira presa pelo Chefe do Polícia, José Inácio Acioli de Vasconcelos, no dia 20 de março de 1849. Trata-se do Romance, "Benedita Torreão da Sangria Desatada", publicado no Rio de Janeiro em 1983, que conta a saga de uma Escrava que realiza abortos na intenção de livrar os Negros do Cativeiro ainda antes de nascerem. Na propaganda do referido Romance consta como Sinopse (resumo), o seguinte: "O romance põe em relevo a insurreição de Queimado, um efêmero levante de escravos, ocorrido no Espírito Santo em 1849, cujo pivô foi a igreja Matriz do Queimado, que os escravos construíram numa enganosa crença, suscitada pela má fé de um capuchinho italiano, frei Gregório de Bene, de que ganhariam alforria no final da obra. Igreja erigida com suor de escravos e consagrada com seu sangue. Multifloriado romance, que ainda lega à literatura brasileira essa personagem maiúscula que é Benedita Torreão, individualidade humaníssima, carnal e óssea que, “amante do incendiado da liberdade”, encarna o espírito da ressurreição escrava, tornando-se seu próprio símbolo e alegoria." Usando de uma licença poética e romanceando a Insurreição, com a força da ficção, técnica de imaginação inerente aos Escritores, podemos dizer que Sebastiana Benedita Torreão era a Escrava anônima citada por José Inácio Acioli de Vasconcelos. A mulher Guerreira Sebastiana, a Bastiana, companheira do Guerreiro Chico Prego. 

O Escritor João Felício dos Santos nasceu na comarca de Mendes, Estado do Rio de Janeiro, em 14 de março de 1911. Sobrinho do historiador mineiro Joaquim Felício dos Santos, de Diamantina, foi jornalista, publicitário e funcionário público federal. Topógrafo de profissão ingressou no Ministério de Viação e Obras Públicas em 1932. Viajou várias vezes pelo país a serviço do governo e também por conta própria, com o intuito de conhecer a história e os costumes nacionais. Sua estréia na literatura ocorreu em 1934, com o livro de poemas Palmeira-real. Em 1956, lançou o infantil João Bola. Só depois de ouvir o ponto de vista de personagens comuns sobre importantes capítulos da história nordestina foi que se sentiu apto a escrever livros como João Abade (1958), sobre a Guerra de Canudos, e Major Calabar (1960), no qual desenha um rigoroso retrato da invasão holandesa em Pernambuco. O romance Carlota Joaquina - A Rainha Devassa, publicado em 1968 (relançado em 2008 pela José Olympio), antecipou em décadas o filme de Carla Camurati. Já Ganga-Zumba antecedeu o famoso espetáculo Arena conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal. A Guerrilheira - O Romance da Vida de Anita Garibaldi antecedeu em muitos anos o livro e a minissérie A Casa das Sete Mulheres, da Rede Globo. Sua verve literária, marcada pela pesquisa e pelo texto de estilo fluente, permitiu-lhe lançar luzes sobre capítulos obscuros da vida brasileira com estilo que lembra o dos grandes clássicos. Morreu aos 78 anos, no Rio, deixando mulher, filha e o romance inédito, Rotas de Além-Mar. Chica da Silva, graças ao cinema se tornou a obra mais popular de João Felício dos Santos. Ganga-Zumba, considerado seu grande clássico, ganhou edição de bolso pela Ediouro, com ilustrações do artista plástico Caribé. Seu último livro publicado, Margueira Amarga, foi ilustrado por Poty. 


REFERÊNCIAS :

http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

TURISMO - A estátua de Chico Prego

Monumento em homenagem a Chico Prego, líder da revolução em Queimado, morto por enforcamento na Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra, no dia 11 de janeiro de 1850. A estátua, construída com recurso da lei Chico Prego, concebida e executada pelo artesão Jacob Kuster (Tute), pesa 4 toneladas e está próxima ao local da execução de Chico Prego, há mais de 150 anos. localizado na Praça Almirante Tamandaré, Serra-Sede.





REFERÊNCIAS :
http://www.turismocapixaba.com.br/estatua-de-chico-prego#.Vc-JW_lViko
http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

Queimado ( Serra ES )

Vila do Queimado
  A Freguesia de São José do Queimado foi criada pela resolução provincial nº 9, de 27 de julho de 1846, anexado ao Município de Vitória, no Espírito Santo. Segundo o historiador José Francisco de Assis, "a localidade de São José do Queimado se formou como todas as outras. A beira do rio Santa Maria foi aberta a primeira lareira. Rolara por terra a braúna (árvore nativa) para esteio (construção da peça de madeira usada para segurar ou escorar) do casebre, retirado o cipó para amarrar as ripas feitas de palmito, e as folhas deste para a cobertura. Vieram depois outras habitações e surgiram as grandes fazendas, vindo o arraial, por fim o distrito, a vila." (ASSIS, 1948, p.48).

  Algumas publicações informam que a data da criação da Freguesia seria 27 de Agosto. A data de 27 de Julho de 1846 consta de um ofício do Presidente da Província, Antônio Joaquim de Siqueira ao Bispo do Rio de Janeiro, datado de 8 de março de 1848, onde consta, "(...) Julgo, porém do meu dever informar a V. Exa., que por Lei Provincial, de 27 de julho de 1846, decretada antes da minha administração foi elevado o sobredito lugar a Freguesia, como V. Exa. verá cópia junta, e que nele está sendo construído por aquele Missionário, à custa dos Fiéis, e por meio de suas exortações, um majestoso templo, de pedra e cal, que tem de ser dedicado ao patriarca São José, exercitando a admiração de todos, por sua grandeza, e por se estar fazendo, pudesse dizer, no centro da pobreza. Já vi essa Igreja, e creio que concluída será uma das mais importantes da Província." (Fonte: Secretaria de Governo, livro 132 In: ROSA, Afonso Cláudio de Alvarenga. 1979, p. 139 - 140).

  Queimado em 1849 possuía um total de 5000 habitantes e estava situado à margem do Rio Santa Maria da Vitória, onde havia um porto chamado Porto do Una, (Negro), um importante entreposto (depósito) comercial, onde era embarcada, em canoas que comportavam mais de cem sacas de café, a produção da região da Serra e onde eram desembarcados os produtos importados que atendiam às necessidades locais. Trafegavam canoas carregadas de café, farinha de mandioca, cana-de-açúcar, milho, feijão. O rio servia como via para o transporte em geral, inclusive para a integração de Vitória com a Serra e com o Norte do Espírito Santo.

  Na época, século XIX, a Freguesia do Queimado limitava-se com a Freguesia da Serra pelo rio Tangui e Porto do Una, seguindo a margem do brejo até a ponte do mesmo nome e, em linha reta, até a estrada de São João, na ladeira das pedras, compreendendo Itapocu e todo o Caioba. Parecia que o destino reservava certa importância ao povoado do Queimado, não obstante a pobreza do lugar. Mas um lento e irremediável processo de decadência econômica e despovoamento, iniciado já na segunda metade do século XIX, frustrou esta possibilidade. Hoje, no local onde se localizava a vila, os únicos testemunhos visíveis do engenho humano são as ruínas da Igreja de São José.

 
A Freguesia do Queimado ao ser criada pertencia a Vitória. Somente pelo Decreto Lei Estadual nº 15.177, de 31 de Dezembro de 1943, Queimado foi desmembrado do município de Vitória sendo anexado ao município de Serra. Queimado hoje é um Distrito da Serra, um dos Municípios que compõem a área periférica da Grande Vitória, no Estado do Espírito Santo. A Aldeia de Nossa Senhora da Conceição da Serra tinha sido elevada à Freguesia por Carta Régia em 1724, mas a Freguesia somente foi instalada na Serra sede, em 1769, depois de construída a igreja nova, matriz que tinha por filial a ermida de São José, localizada no Queimado. O termo ermida significa uma pequena igreja ou capela, normalmente localizada fora das povoações ou em lugares ermos.

REFERÊNCIAS :
Texto : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html
Imagem : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

TURISMO - Ruínas da Igreja de Queimado

             -  Ruínas da Igreja São José do Queimado




Hoje as ruínas da igreja se tornou um ponto turístico muito visitado na cidade da Serra no distrito do Espírito Santo , O local é de elevada riqueza paisagística, cultural e histórica, que teve seu ápice no século XIX, e hoje se encontra praticamente inabitada.
Endereço: Situa-se 16 km da Serra Sede






Link do vídeo no youtube : https://www.youtube.com/watch?v=8zlNAWxmygQ

MATANÇA

  Comprova-se que houve o confronto e feridos dos dois lados. Uma das vítimas da Insurreição foi Francisco Roriz, ferido pelos negros com 17 caroços de chumbo, nas matas de Itaiobaia. Outra vítima foi o próprio comandante das Forças Policiais, Alferes Varella. Tal fato irrita os Policiais e batedores do mato, que passam a matar todos os negros que encontravam no caminho, tomando-os como revoltosos. Escravos encontrados na ladeira que desce para Aroaba, região perto do Queimado, foram todos mortos. Ao final o Chefe de Polícia Accioli informa, no dia 23 de março de 1849, que conseguiu encontrar 11 escravos, entre os quais um dos líderes da Insurreição, Elisiário, escravo do fazendeiro Faustino Antônio de Alvarenga. 

  A Insurreição que havia começado no dia 19, termina com a prisão de Elisiário, cinco dias depois. Todavia havia ainda negros foragidos espalhados pela região, tendo a Polícia continuado as buscas por mais alguns dias. Preocupado, o Presidente da Província, Siqueira envia ao Queimado mais Policiais sob o Comando de Manoel Vieira da Vitória, ordenando ao Capitão Antônio das Neves Teixeira Pinto, Delegado da Vila da Serra, que passasse a perseguir os fugitivos. Documentos esclarecem ainda que os habitantes do Queimado, Mangaraí e Serra auxiliaram as autoridades na captura dos negros. Pela crueldade com que tratou os escravos negros, arrastando-os pelo chão por léguas e léguas, o Delegado da Vila da Serra, Capitão Antônio das Neves acabou recebendo elogios pela maneira como se conduzira. 

  O Presidente da Província do Espírito Santo, Antônio Joaquim de Siqueira, em 20 de março de 1849, encaminha uma Carta à Corte no Rio de Janeiro narrando os fatos e informando que "o susto e o terror se acham apoderados dos habitantes desta Capital e lugares circunvizinhos." Diante de tal argumentação de "susto e terror", o Governo Imperial, atendendo a solicitação feita, acabou mandando o vapor "Paquete do Sul" que, no dia 30 de março aportou em Vitória trazendo um reforço de 31 soldados comandados por um Oficial. Dias depois regressava o vapor à Corte, levando a notícia da vitória dos legalistas. O escritor José Teixeira Leite informa que a caça aos negros foi "cruel e selvagem" e levada a efeito "por impiedosos batedores do mato." Esta informação consta da página 332, do livro "História do Estado do Espírito Santo - edição de 1975." 


REFERÊNCIAS :

Texto : http://www.clerioborges.com.br/revolta.html

Insurreição do Queimado - Relato em vídeo


  Relato sobre a Insurreição de Queimado " arquivos do parlamento " ( com imagens do filme " Queimado "

Arquivos do Parlamento - Insurreição do Queimado - 17.01.2017






Link do vídeo no youtube : https://www.youtube.com/watch?v=SnoHttsn8ds